Uma Reflexão sobre a Ciência

05/01/2019

É provável que a principal questão a ser enfrentada pelas terapias alternativas como terapia floral, acupuntura, aromaterapia quântica e outras terapias que trabalham com campos e energias sutis seja sua relação com a ciência empírica. O fato de cada uma dessas terapias ter sua própria metodologia, a eficácia comprovada, suas premissas, suas conclusões, nada disso valida essas terapias perante a ciência empírica moderna.

Para fazer uma reflexão sobre o que chamamos de ciência hoje, vou me valer do que diz o autor Ken Wilber sobre ¨Os Três olhos da alma¨.

Segundo ele, possuímos três olhos de aquisição de conhecimento:

O OLHO DA CARNE, é nosso olho pelo qual percebemos o mundo exterior do espaço, do tempo e dos objetos. É nossa inteligência sensório-motora básica. Ele percebe tudo que é passível de ser detectado pelos cinco sentidos humanos.Este é o nosso olho empírico.

O OLHO DA RAZÃO,é nosso olho pelo qual conhecemos a filosofia, a lógica e a própria mente. É o que participa do mundo das ideias e imagens, da lógica e dos conceitos

O OLHO DA CONTEMPLAÇÃO, que é o que nos permite alcançar o conhecimento das realidades transcendentes. Ele transracional, translógico e transmental.

Possuímos como forma de adquirir conhecimento esses três olhos, mas é importante frisar que cada olho está equipado para perceber o que corresponde ao seu domínio. ¨A sensação, a razão e a contemplação revelam suas próprias verdades em seus domínios próprios; e toda vez que um olho tenta ver pelo outro a visão fica distorcida¨.

A acupuntura por exemplo foi desenvolvida há milênios, em uma época aonde a humanidade ainda não tinha aprendido a diferenciar e separar os olhos da razão, da carne e da contemplação. A revelação se confundia com a lógica e com os fatos empíricos. Mas eis que no mundo atual, baseado no empirismo científico, desapareceram o olho contemplativo e o olho da razão e a humanidade restringiu seus meios de conhecimentos válidos ao olho da carne.

¨A ciência se converteu em cientificismo. Ela se deu ao direito de falar não apenas pelo olho da carne, mas também pelo olho da razão e da contemplação. ¨Desse modo, o único critério da verdade foi o científico, um teste sensório-motor feito pelo olho da carne com base na medição. Mas a verdadeira questão é: Essa posição por parte dos cientistas foi um mero blefe do parceiro no papel da totalidade. O olho da carne passou a dizer que aquilo que ele não pode ver não existe; quando deveria dizer que aquilo que ele não pode ver, ele não pode ver¨

O resultado disso: a ciência se tornou restrita. Aceita como a única forma real de conhecimento. Mas é importante perceber que quando terapias sutis como homeopatia, terapia floral, acupuntura dentre outras não são muito bem aceitas pela ¨ciência¨ não significa que seja inválida, não verificável, contrária a razão, não cognitiva ou sem sentido.

Nós terapeutas holísticos, acupuntores, terapeutas florais não devemos incorrer no erro de apresentar nossas percepções transcendentes como fatos cientificamente empíricos, porque os fatos transcendentes não podem ser cientificamente verificados. Somos livres para usar o olho da carne para obter dados complementares e bem como usar o olho da mente na coordenação, no esclarecimento e na síntese. Mas devemos cada vez mais treinar nosso olho da contemplação que é aquele que enxerga além do visível, é o que move o qi, percebe o prana e emana a energia. É o que cuida da verdadeira cura.

Baseado no texto de Ken Wilber, na obra ¨Além do Ego¨.